Bon Iver a esgotar o Coliseu do Porto
Coliseu do Porto cheio para ver Bon Iver. A banda deu um concerto intenso e cheio de emoção que ficará certamente para a história como um dos melhores do ano.
Mesmo antes das portas abrirem, os bombeiros já tinham entrado em ação, por uma fã ter desfalecido e deixado provas disso à entrada do Coliseu. Eram 20h e a fila já ia longa. Não tivéssemos na Rua Passos Manuel até se poderia pensar que estávamos em pleno festival. Houve os habituais empurrões e cada vez que uma frecha da porta abria soavam alguns gritos das pessoas que esperavam a sua vez para entrar. Um certo histerismo exagerado que contradizia as músicas calmas de Bon Iver. Abertas as portas começaram as corridas à primeira fila. Depois foi só apreciar a sala a ser composta por mais de 6000 pessoas.
Às nove em ponto subiu ao palco Sam Amidon e a sua guitarra. Cabia ao cantor fazer o "warm up" para o concerto de Bon Iver. E que grande tarefa. Ele foi recebendo as últimas pessoas que chegavam e transformou a enorme sala do coliseu num espaço pequeno e acolhedor, como se fosse uma sala de estar, onde um rapaz de guitarra tocava umas canções aos amigos. Estava assim criado o ambiente.
Com o seu jeito descontraído e atrapalhado, no meio das suas canções sobre histórias reais e do quotidiano, surpreendeu com as brincadeiras que fez com a sua voz e marcou o seu espaço naquela noite. Sam teve ainda a colaboração de dois músicos da banda Bon Iver, violinista e trompetista, em algumas músicas, que previa o que iria acontecer a seguir: uma perfeita simbiose entre muitos e distintos instrumentos.
E pronto, quando as luzes do coliseu voltaram a apagar a magia aconteceu.
Bon Iver começaram com "Perth" e a primeira grande explosão veio na terceira música com "Towers". Do público ouvia-se "WE LOVE YOU". Depois, quase hipnotizados pelo jogo de luzes, pelo cenário, pelo talento dos 9 músicos em palco, o público deixou-se levar na viagem.
Intenso, muito intenso, o concerto foi repleto de momentos altos. Ora em silêncio absoluto, ora em grandes explosões de emoções provocadas pelas letras e acordes de todo o alinhamento deste concerto. Por exemplo, na música "Holocene" foi provocado um momento "magnificent" e muitos não conseguiram controlar a emoção e chegou-se a ouvir alguns gritos durante a música, que depois terminou com um eufórico aplauso. Culpa destes americanos que, com um talento assim, demoraram uns longos quatro ano para pisarem as terras lusas.
Em quase todas as músicas o público fazia de coro, mas, claro, "Skinny love" foi a mais cantada. Arrepios na pele, provocados pela música cantada pelos Bon Iver e por todo o coliseu. Choveram câmaras fotográficas, a rede ficou ocupada e muitos não puderam ligar para quem não estava naquele momento no Coliseu. No final ouviu-se um sentido "Thank you so much".
Se a banda funcionava perfeitamente junta, as luzes deram ainda destaque aos músicos individualmente, para eles nos brindarem com um solo daquilo que melhor fazem. No final de "Skinny Love", Justin, o vocalista, ficou sozinho em palco e com as luzes centradas nele para tocar "RE: Stacks" e provocar mais um clímax neste concerto.
O público estava mais que envolvido, vibrava com cada acorde, a sala estava cheia e muito quente. Mais uma fã não aguentou a emoção e fez a equipa médica voltar mais uma vez à ação.
E o espetáculo continuou com "Creature Fear" e "Team" e claro que num concerto em Portugal não poderia ficar de fora do alinhamento a música "Lisbon, Oh". Seguiu-se "Beth/Rest", que antecipava o final do concerto.
Mas até ao final ainda houve tempo para um cover da música "Who is it" da islandesa que falhou o Primavera Sound, Bjork.
O concerto terminou com "The Wolves (Act I and II)" a comprovar a perfeita união entre o público português e a banda norte-americana: "What might have been lost" foi entoado em coro criando o mais bonito momento do concerto.
O espetáculo musical chegaria por si só, mas a decoração de palco, o jogo de luzes, o ambiente do público tornaram este concerto ainda mais especial. Certamente este momento ficará na memória de quem lá esteve para todo o sempre. Para aqueles que não estiveram nem no Porto nem em Lisboa, ou para aqueles que querem repetir o momento há boas notícias: em Outubro voltarão a Portugal, desta vez ao Campo Pequeno.